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Maria, a Ribeiro

Esse texto é sobre a Maria. A Maria de um nominho só. A que não é Clara, nem Luísa nem Fernanda. Só Maria.

É sobre a Maria e como eu gosto da Maria. Como eu admiro e como eu tenho vontade de abraçar a Maria. A mesma Maria que eu não conheço. Não assim, de perto. Não sei nem dizer se ela é mais gata pessoalmente ou nas fotos do Instagram.

Sempre achei meio cafona – “cafona” é das coisas que aprendi com ela - essa coisa de fã. Esse amor meio platônico que a gente começa a sentir por uma pessoa que nunca viu.

E então uso aqui aquela história de fingir que ainda sou meio adolescente para justificar minhas atitudes constrangedoras em prol desse amor não convencional e meio estranho que eu sinto por esse ser desconhecido.

Minha relação com a Maria começou na época em que eu assistia aquele programa da tevê a cabo onde ela se sentava num sofá com outras três mulheres e, juntas, discutiam sobre tudo.

Devo dizer que não foi amor à primeira vista. É que sempre fui meio certinha - tipo chata mesmo - e achava que tudo deveria se encaixar em algum padrão e que a gente deve concordar logo de cara que é pra não gerar discussão. E eu fingia que era culpa do signo. Libra. Busca o equilíbrio. Detesta conflitos.

E aí chega ela. A mina que só senta de perna cruzada, tipo criança e finge que não é fofa enquanto fala coisas inteligentes. Chega pra bagunçar tudo e quebrar todos os padrões e discordar de propósito só pra gerar discussão.

E eu fico ali, entre a rejeição e a admiração, querendo racionalmente discordar e dizer que ela é chata e tá errada, mas o coração sabia. Aquele era o caminho mais legal, mais emocionante e inesperado e divertido. Era por ali que eu deveria seguir.

Então o que eu queria dizer, ou na verdade deixar registrado em algum lugar, é que a Maria teve uma importância na minha vida.

E acho que o motivo pelo qual essa Maria se destaca em meio a tantas outras infinitas Marias que existem por aí, é a enorme capacidade que essa Maria de um nominho só, tem de rir de si mesma e de discordar de tudo. E aí vem junto nesse pacote, uma espécie de autopropaganda negativa que ela faz questão de exercitar quase diariamente.

Quanta liberdade isso trouxe pra minha vida! Depois de meses de intensa convivência televisiva e um pouco de convivência virtual - é que desde o dia em que comentei uma foto no Instagram, dedicando a ela a imagem de uma plaquinha numa cerca de madeira que dizia: "coragem é agir com o coração", porque tinha lido isso no livro dela na noite anterior, a gente meio que troca umas palavras por aí, de vez em quando. - Talvez ela também tenha gostado um pouco de mim. Talvez seja só coincidência mesmo. Mas enfim, não era disso que eu tava falando...

Então, depois de meses de intensa convivência - mais da minha parte que da dela, obviamente -, comecei a não me achar a pior das criaturas por sentir, vez ou outra, sentimentos pouco nobres, socialmente considerados inaceitáveis e que, para muitos, me fariam ser uma pessoa de caráter questionável. Ou seja, tá liberado sentir ciúmes das amigas e inveja da barriga chapada das mulheres que têm barriga chapada. E aí vem um bônus que é também, descobrir com ela que aos 28 ainda posso gostar de batata frita e de bala de minhoquinha. É como diziam os meninos do Menudo: “Não se reprima, pode gritar!”

É óbvio que eu sei, Maria sabe e todos os seres pensantes desse planeta sabem que, no fim, o que todos nós queremos é ser amados. Mas o que nem todo mundo se dá conta, e aí, Maria me deu um empurrãozinho pra enxergar com mais clareza, é que ser amada sendo a gente, cheia, lotada, transbordando defeitos, e assim sendo sincera consigo mesmo e com os outros, isso sim tem valor.

E antes de terminar, tem mais uma coisa que eu preciso dizer. Maria escritora é tipo minha musa master. Porque, graças a Deus, além de falar e se comportar desse jeito meio incrível, meio revolucionário, mas totalmente gente como a gente, a mina ainda escreve! E aí é gênia, porque a gente lê e se identifica e chora e ri e fica meio apaixonada. E tem Trinta e oito e meio – que já li centenas de vezes, e sempre choro nas mesmas partes, como se fosse a primeira vez - e tem colunitcha no jornal – que é tipo minha terapia nas quartas-feiras quinzenais - e tem o fato de que só ela escreve assim, como quem senta na frente da analista e vai falando tudo que vem à cabeça, sem medo, sem vergonha, sem se reprimir. Ô sorte!

Gracias, Maria!

É que por trás desse óculos que te faz parecer a gênia-intelectual-sexy que você realmente é, existe um olhar muito particular pela vida e pelas pessoas, e é ele que te faz ser a mulher-humana-mãe-escritora-diretora-atriz-jornalista-fofa. Sim. Fofa. Muito. Completamente. Mas isso é segredo nosso, coisa de quem já te descobriu... e eu prometo que não conto pra ninguém.


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